Uma visita ao Vale do Café, região que abrange quinze municípios* no Sul Fluminense, é parada obrigatória para quem curte história e arquitetura. No século XIX, a região foi a responsável pela produção de nada menos que 75% do café consumido no mundo.
De todas as fazendas que outrora produziram café, trinta delas estão abertas à visitação. E é um programaço conhecer um pouco mais da nossa própria história, entender nosso passado, e que revela sim, muito do nosso presente.
Os amantes da arte, história e arquitetura que podem viajar, o fazem geralmente para o velho continente, sem se darem conta que temos logo aqui, bem pertinho da gente, tanta beleza e história para mostrar...
Nós já estivemos em uma das mais bem preservadas fazendas históricas da região - a belíssima Fazenda do Paraízo, e contamos tudo nesse post aqui.
Dessa vez, optamos pela Fazenda Cachoeira Grande, por ser a mais próxima do Parador Maritacas, hotel fazenda que fomos convidados a passar o final de semana. Não nos arrependemos. A visitação é muitíssimo bem conduzida por um dos proprietários, que nos leva ao passado da fazenda e da região. Dura cerca de duas horas, e ao final, um café com algumas delícias o espera.
A história da Cachoeira Grande:
A fazenda pertenceu inicialmente a Francisco José Teixeira Leite (futuro Barão de Vassouras), fazenda essa que recebeu como dote ao casar com sua prima. Posteriormente, reformou a casa da fazenda - que passou a ter um formato de T, dezoito quartos, e claro - nenhum banheiro!
Já casado novamente, fundou na fazenda a 1ª fábrica de beneficiamento de arroz da região. Durante a visitação é possível ver as ruínas da fábrica, além do terreno onde era seco o café.
Uma de suas filhas herda a fazenda e recebe para um jantar, em 18 de setembro de 1884, a Princesa Isabel e o Conde D'Eu, que estavam de passagem por Vassouras.
A propriedade passa a ser produtora de cachaça e sobrevive até mesmo à abolição da escravatura. Em seguida a fazenda passa pelas mãos de diversos proprietários, tendo ficado completamente abandonada por vinte anos. Em 1987, Francesco Caffarelli compra e reforma toda a fazenda. Agora ela passa a ter...banheiros!
A reforma durou cerca de quatro anos, mas oito anos depois de inaugurada, a fazenda entra em dificuldades novamente, pois Caffarelli morre e sua empresa entra em dificuldades.
Por ironia do destino, Núbia, a viúva de Caffarelli, casa-se com o empreiteiro que reformou a fazenda. Hoje, o casal luta para manter vivo esse pedaço da história. E é Jorge Altino, o marido de Núbia, quem conduz de forma muito simpática e agradável a visitação à fazenda.
Hoje, os pastos da fazenda são arrendados, a senzala dos homens é alugada para festas, além de oferecerem um chalé para quem desejar ficar hospedado na fazenda. Já está na minha lista de desejos passar um final de semana por lá. Para fazer sua reserva, clique aqui.
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Um dos dois portões de entrada da Cachoeira Grande.
O belo lago da propriedade.
A visitação:
Começa em frente a um belo lago, de frente para as ruínas da fábrica de beneficiamento de arroz. Depois, seguimos para a casa, muito bem instalada na parte mais alta do terreno. Dali, o Barão tinha um visão perfeita do cafezal e dos escravos trabalhando.
Jorge nos conta que todos os móveis (com exceção de um) não são originais da fazenda, que por ter ficado muito tempo abandonada, foram roubados.
O casal Caffarelli garimpava em antiquários e leilões, os móveis, quadros e objetos de arte que hoje fazem parte do acervo da fazenda.
Entrada principal da fazenda.
Na sala dos homens, o lustre pertenceu ao Palácio de Viena - todo em cristais Baccarat.
Da janela da sala, a bela visão da paisagem da fazenda.
Outra sala, essa já com decoração do século XX, mas não menos elegante.
Mesmo não tendo móveis originais, a fazenda destaca-se por possuir raridades, como essa cadeira que pertenceu a D. Pedro II. A cadeira sobe e desce os braços, e para a época deve ter sido uma modernidade só.
A parte mais famosa da Cachoeira Grande - a sala de jantar - onde foi oferecido um verdadeiro banquete para a Princesa Isabel e o Conde D'Eu. O cardápio pode ser visto durante a visitação. Durante o jantar, foram servidos 14 pratos, os melhores vinhos do mundo, e pasmem: sorvete. Não me perguntem como! Só lembrando que na época não existia geladeira.
Na mesma sala, dois móveis pertenceram a Cecília Meireles.
O menu do jantar...
O único móvel original da fazenda são esses armários, que antes eram utilizados para guardar os mantimentos e as louças da fazenda. A cozinha ficava em outro local, mas com a reforma feita pelos Caffarelli, esse espaço virou a cozinha propriamente dita da fazenda.
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A cozinha da fazenda era a parte mais destruída, hoje é uma sala de convivência, digamos assim, com lareira, tv, e onde é servido o lanche, ao final da visita.
Mais fotos da fazenda:
Passando por Paracambi, deve subir a serra em direção a Mendes (RJ-127). Assim que atravessar a cidade de Mendes, o visitante deverá seguir na estrada Mendes-Vassouras, passando pela ponte do Rocha, indo até o quilômetro 43, aonde encontrará uma placa indicando a entrada para a fazenda, à direita.
É uma subida asfaltada com aproximadamente 1 km, que se transforma em uma estrada de paralelepípedo que leva até a sede da Fazenda. ( Fonte: Cachoeira Grande)
Como chegar na Cachoeira Grande a partir do Parador Maritacas - Saindo do hotel, vire à direita e siga em frente. Na rotatória, pegue o sentido Vassouras e siga em frente. Após alguns quilômetros, você verá uma placa indicando a entrada, à sua direita mesmo.
Depois do lanche, ainda seguimos para conhecer o acervo de automóveis antigos, que pertenceu a Francesco Caffarelli. Ricardo Caffarelli - filho de Francesco - é quem nos dá uma excepcional aula de história sobre carros, desde seu surgimento, e passando por todas as inovações que a máquina foi adquirindo ao longo do tempo.
Carruagem inglesa de mais ou menos 1800/1820 - Pertence a fazenda e foi utilizada no filme O Xangô de Baker Street.
Você pode ir à Cachoeira Grande por conta própria, ligando para reservar seus horário, ou ir com alguma agência de viagens. A fazenda está aberta à visitação diariamente, em dois horários, às 11 e às 15 horas.
Se for por agência de viagens, indico a BomTempo, que tem como uma de suas especialidades, a região do Vale do Café. Tel: (24) 9228-5694 / (24)98138-2665 / (24) 2471-7462.
Enfim, super recomendo a visitação a qualquer uma das fazendas da região. Um passeio riquíssimo em cultura, história, arte e arquitetura. Vai lá e me conta depois o que você achou!
Para saber mais informações das fazendas que estão disponíveis para visitar, acesse: Portal Vale do Café.
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Endereço: Estrada Fazenda Cachoeira Grande, 1639, Vassouras.
Tel: (24) 2471-1264 ou (24) 7812-1168 ou (24) 7812-4930.
*Vassouras, Valença, Rio das Flores, Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Paty do Alferes, Paracambi, Miguel Pereira, Mendes, Barra do Piraí, Pinheiral, Barra Mansa, Paraíba do Sul,Volta Redonda e Resende.
Fotos: Patricia Tayão e Eduardo Freitas.